sexta-feira, 24 de outubro de 2008

" O REI LEÂO"

Naquele mágico dia “O Rei Leão”
Usando a sua velha táctica do camaleão
Atraiu aquele inocente ser de puro e solitário coração
Até as suas camufladas garras de autêntico machão
Com mil promessas quiméricas de afecto e eterna paixão.
Ela, “A Vítima” etilizada pelo charme daquele rapagão
Facilmente na sua armadilha caiu pois então.
E pouco tempo depois se consumou a união
Sob as leis obrigatórias de uma qualquer mas rígida religião.
E o banquete com inúmeros convidados como manda a tradição
E por ultimo a respectiva lua-de-mel e porque não?
Um mês se passou e Ela “A Vítima” o primeiro rugido ouviu então
E depois dos rugidos, veio pouco a pouco a inevitável agressão
Seguindo-se os massacres diários de sevícias e repressão.
Ele, “O Rei Leão” sentia-se o todo-poderoso por tal situação
Embora fora de casa, era um covarde mas, em casa era um valentão.
Até que Ela, cansada de ser “A Vítima” tentou resolver a questão
Confiando nas instituições apresentou queixa dele por agressão
Ela, “A Vítima” desesperou noite e dia á espera de uma solução
Como a resposta tardou a chegar, “A Vítima” resolveu então…
Fazer Ela sua própria justiça e esfaqueou até á morte “O Rei Leão”
E as instituições desta vez actuaram com a máxima prontidão
Encarcerando “A Vítima” sem qualquer tipo de contemplação
Passando Ela de imediato de vítima a assassina, sem qualquer tipo de perdão
Sendo posteriormente condenada, a uma inevitável, pena máxima de prisão.
Isto porque a sociedade onde Ela vive, tolera em pleno século XXI a escravidão
Mas nunca irá tolerar que nenhuma “ Vítima” extermine assim um “Rei Leão”
Não porque eles (Os Reis Leões) estejam (infelizmente) em sérias vias de extinção
Mas porque aqueles que, fazem as leis, (quiçá) pratiquem a mesma doutrinação
Ou (talvez), pensem que MULHER é sinónimo de VÍTIMA por mera definição
Sendo a violência doméstica (quiçá) para eles uma espécie de anciã tradição
Onde reza a história que numa união de casais, o homem terá sempre a razão
O que não deixa de ser, para mim, uma patética e contraditória tradição
Pois na selva, nem sempre aquele que ruge mais alto ou, com toda a convicção
Terá de ser obrigatoriamente o mais forte, e muito menos o dono, da insofismável razão.

Viva a igualdade! Viva a todos aqueles (as), que por ela, até a morte lutarão!



A.Soares (apollo 11)

Pretendo (uma vez mais) com este texto tentar despertar apenas consciências adormecidas para o cada vez mais, flagelo da violência doméstica que, diga-se, não só abrange o sexo feminino como também, o sexo masculino embora, o primeiro como é sobejamente conhecido, esteja em primeiro lugar, por larga maioria nas estatísticas mundiais. Vamos todos assim e sem qualquer tipo de hipocrisia, despertar para esta triste e deplorável realidade. Condenando, denunciando e apoiando todos aqueles(as) que são vítimas deste flagelo.

Olha para mim!


Olha para mim!
E pergunta-me, quem para mim, tu és
Destapa a minha alma
E espreita o meu transparente coração
E descobrirás, o que para mim, tu és.
Liberta os meus febris sentidos
E jamais duvidarás, de quem tu és
Olha para mim!
Pergunta-me, o que eu para ti sou
Fecha os teus olhos
Dissolve-te na minha imaginação
Então aí verás, tudo aquilo que eu, por ti sou
Deita-te ao meu lado
E navega nas ondas calmas do meu dormir
Desfralda as velas invisíveis dos teus sentidos
E pergunta-me, se um sonho tu para mim, serás
Verá elas encherem-se com o meu arfado respirar
E ficarás então a saber, que assim tu o és
Olha para mim!
E acolhe toda a lava, da minha vulcânica paixão
Nesses teus, irresistíveis lábios de mar
E pergunta-me se tu és, o enxofre do meu coração
E eu, simplesmente, te responderei em surda voz
Tu serás sempre a existência, da minha cega imaginação.

Olha para mim!
Só tu sabes, tudo aquilo que por ti, eu sou.
Olha para mim!
Só eu sei, tudo aquilo que para mim, tu és.


Amândio Soares (apollo11)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Eu não sei...

Eu não sei;
Porque amo eu, as estrelas?
Aquelas azuis e tremeluzentes… com o teu cristalino olhar.
Porque amo eu, o ruído das ondas do mar?
Aquelas suaves… como o teu tão terno falar.
Porque amo eu, as rosas amarelas?
Aquelas tão perfumadas… como a fragrância primaveril, da tua pele.
E que eu desejaria, nesse teu perfume, meus loucos sentidos afogar.
Eu não sei;
Porque amo eu, as folhas do Outono?
Aquelas doiradas… como a cor, dos teus encaracolados cabelos.
E que eu, com os meus irrequietos dedos, adoraria brincar.
Porque amo eu, as framboesas?
Aquelas vermelhas… como os teus finos e sedutores lábios.
E que eu almejo noite e dia, sofregamente beijar.
Porque amo eu, as noites?
Aquelas tão silenciosas… como o teu, sereno respirar.
E que eu, gostaria através dele, teus segredos poder desvendar.
Eu não sei;
Porque amo eu, as tempestades?
Aquelas imprevisíveis… como a tua inconstante forma de estar
Ora demasiado snobe, ora tão humilde, como a ténue luz do luar.
Porque amo eu, as montanhas?
Aquelas tão íngremes… como o teu, enigmático e distante olhar.
E que eu adorava um dia, o poder decifrar e até mim, o aproximar.
Porque amo eu, as pombas brancas?
Aquelas que voam livremente… como tu talvez, venhas um dia a voar
Para os céus da felicidade, poderes assim comigo eternamente planar.
Eu não sei;
Porque amo os sonhos!
Aqueles tão quiméricos… com os de um alienado amante
Que tão estupidamente teima neles, todavia acreditar!

Mas…
Talvez eu saiba;
Porque gosto tanto assim de amar.
Sim!
Porque o amor…
É a única coisa por enquanto, que na luz da vida, ainda me faz cegamente acreditar!


Amândio Soares (apollo11)