Cerro os olhos…
O cansaço acaba de me prender
Após mais um dia, de feroz perseguição
Depois de eu, ter-me Invadido logo ao amanhecer
E ter-me embrenhado numa densa floresta de multidão
Tentando desesperadamente, um refugio seguro encontrar
Um refugio onde houvesse talvez…
Dois verdadeiros braços abertos para me receber
Uma acalentadora e meiga voz solta no ar
Que a minha devoluta alma, pudesse vir a ocupar
Um acolhedor e eterno regaço feminino
Onde o meu descalço e esfarrapado coração
Pudesse vir de novo condignamente a bater
Como se fora um mimado e, bem protegido menino
Vivendo cada dia, sem ter a noção, aquilo que é na verdade sofrer
Mas o dia passou…
Sem o meu utópico refugio eu, conseguir encontrar
E num ápice, a densa floresta de multidão
Num escuro e perigoso deserto logo se transformou
Tentei não cair nas armadilhas da sua tão infernal imensidão
Camuflando-me assim, no oco silêncio, que se abatia sobre ela
Mas o ruído exasperante das palpitações do meu coração
Logo, ao meu implacável perseguidor, me denunciou
E como um inofensivo animal, preso a uma desprezível trela
Ele assim, sem qualquer sinal de compaixão, me levou
Até aos calaboiços do desânimo e da estúpida resignação
Onde na fria e solitária cela que é… na verdade a minha cama
A tortura é-me de novo, tão severamente aplicada
Terei então… belos e tão felizes sonhos, até meio da madrugada
Altura em que desperto, e vejo a outra metade da minha cama
Uma vez mais…
Permanecendo vazia e… tão insuportavelmente gelada!
Escrito em, Meppen (Alemanha) 28/1/10
Postado em Blois (França)
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