quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Existe um...

Existe um vulcão semi-adormecido,
à espera de ser docemente despertado.
Existe um modesto ninho abandonado,
à espera de ser novamente povoado.
Existe um órfão num berço esquecido,
à espera de ser brevemente adoptado.
Existe um demónio numa alma instalado,
à espera de ser para sempre exorcizado.
Existe um anjo numa asa gravemente ferido,
à espera de ser milagrosamente curado.
Existe um sonho cada vez mais enfraquecido,
à espera de ser noite e dia alimentado.
Existe um coração semi-arrefecido,
à espera de ser ardentemente aconchegado.
Existe um beijo agridoce algures guardado,
à espera de ser loucamente compartilhado.
Existe um silêncio escuro camuflado,
à espera de ser descoberto e aniquilado.
Existe um incontrolável desejo reprimido,
à espera de ser finalmente emancipado.
Existe um destino escrupulosamente traçado,
à espera de ser levianamente ignorado.
Existe um pedido de socorro no ar lançado,
à espera de ser quiçá por alguém escutado.
Existe um solitário coração na multidão perdido,
à espera de ser apaixonadamente resgatado.
Há um louco poeta pelo éter do amor embriagado,
à espera de ser pelos seus ridículos textos desculpado...




Amândio Soares (apollo11)

"Assim Sou"

Sou o sol ardente
Sou a nuvem passageira
Sou o sonho permanente
Sou a esperança derradeira

Sou o cometa decadente
Sou a lua feiticeira
Sou o anjo alvinitente
Sou a estrela mensageira

Sou o oceano profundo
Sou a onda abafeira
Sou o tesouro do mundo
Sou a pérola verdadeira

Sou o vento forte
Sou a brisa ligeira
Sou o trevo da sorte
Sou a ave rameira

Sou o verso da felicidade
Sou a quadra da alegria
Sou o poema da prosperidade
Sou a inspiração da minha utopia

Amândio Soares (apollo11)

GRITO

Grito e sempre gritarei
Nesta terra que me viu nascer
Neste mundo que não é o meu
Neste inferno em que irei arder
Grito por justiça e pela paz
Para que soltem os inocentes
E prendam quem a guerra faz
Grito para no cinismo de alguns
Eu não me deixar enganar
E na hipocrisia dos mesmo
Eu ter sempre de acreditar
Grito por mais carinho e amor
Que cada vez mais hoje se compra
Ou se vende a troco de um lugar ao sol
Gritarei até a minha voz doer
Até alguém minha boca tapar
Por na igualdade apenas sonhar viver
Para certas consciências eu não importunar
Gritarei até a razão me convencer
Que o meu grito é tão surdo
Que eu próprio não o consigo escutar
Por quiçá todos estes defeitos
Eu hipocritamente criticar
Mas confesso que não tenho o péssimo hábito
De constantemente para o meu umbigo olhar…

Amândio Soares (apollo11)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

"Vou Chorar"


Vou chorar

Quando num bar,

Numa esquina, à beira-mar

Ou em qualquer outro lugar

Eu finalmente te encontrar.

Vou chorar

De alegria de emoção

Por ao meu solitário coração

Um olhar verdadeiro e cúmplice juntar

E ardentes beijos nele eternamente guardar.

Vou chorar

Até a minha dor aliviar

Enquanto a minha alma lentamente não despertar

Acomodado em teu peito sob a ténue luz do luar

Ou sob um esplendoroso raio solar.

Vou chorar

Até as minhas lágrimas se evaporarem

Nas nuvens transparentes da tua compaixão

Ou em estalactites talvez elas se transformarem

Nas profundezas ainda inexploráveis do teu coração.

Vou chorar

Enquanto o sol e a lua não nos abençoar

Enquanto as estrelas o nosso céu não povoar

Para de energia cósmica nossos corações elas carregar

Para que a lua do nosso amor nunca deixe de brilhar.

Vou chorar

Até este texto terminar

Pois talvez um homem nunca deveria em silêncio chorar

Por seu amor querer apenas com alguém compartilhar

Ele apenas deveria seu coração saber pacientemente acalmar

Pois o amor infelizmente nunca marca a hora para nos visitar.



Amândio Soares (Apollo11)