Cerro os olhos…
O cansaço acaba de me prender
Após mais um dia, de feroz perseguição
Depois de eu, ter-me Invadido logo ao amanhecer
E ter-me embrenhado numa densa floresta de multidão
Tentando desesperadamente, um refugio seguro encontrar
Um refugio onde houvesse talvez…
Dois verdadeiros braços abertos para me receber
Uma acalentadora e meiga voz solta no ar
Que a minha devoluta alma, pudesse vir a ocupar
Um acolhedor e eterno regaço feminino
Onde o meu descalço e esfarrapado coração
Pudesse vir de novo condignamente a bater
Como se fora um mimado e, bem protegido menino
Vivendo cada dia, sem ter a noção, aquilo que é na verdade sofrer
Mas o dia passou…
Sem o meu utópico refugio eu, conseguir encontrar
E num ápice, a densa floresta de multidão
Num escuro e perigoso deserto logo se transformou
Tentei não cair nas armadilhas da sua tão infernal imensidão
Camuflando-me assim, no oco silêncio, que se abatia sobre ela
Mas o ruído exasperante das palpitações do meu coração
Logo, ao meu implacável perseguidor, me denunciou
E como um inofensivo animal, preso a uma desprezível trela
Ele assim, sem qualquer sinal de compaixão, me levou
Até aos calaboiços do desânimo e da estúpida resignação
Onde na fria e solitária cela que é… na verdade a minha cama
A tortura é-me de novo, tão severamente aplicada
Terei então… belos e tão felizes sonhos, até meio da madrugada
Altura em que desperto, e vejo a outra metade da minha cama
Uma vez mais…
Permanecendo vazia e… tão insuportavelmente gelada!
Escrito em, Meppen (Alemanha) 28/1/10
Postado em Blois (França)
Imagem by net Google
A-Soares (apollo_onze)
3 comentários:
Que posso eu dizer se falas de ti e parece estar falando de mim? Que dizer quando o poeta fala da sua alma só e eu me mergulho nesta fala como num espelho?
Mas é bom acalentar o coração, amigo, seja na esperança que vem e vai, seja na dormência do sono que nos leva a sonhar.
Bjs no teu coração, amigo. E muita paz.
1 de fevereiro de 2010 às 03:26
Li algures…
“Que o poeta é afinal, um mortal e comum ser humano como tantos outros. Sendo que, aquilo que o distinguia na verdade, era apenas, a forte e genuína carga emocional que ele, em cada palavra tão conscientemente escrevia.”
E… ao ler este teu tão triste mas ao mesmo tempo, tão supremo texto, eu hoje finalmente, descobri o real valor desta até então para mim, banalíssima frase.
E assim sendo, eu curvo-me humilde e respeitosamente perante a real excelência do teu tão genuíno e profundo valor artístico e não só, meu querido amigo Soares.
Os meu parabéns por mais um tão extraordinário poético texto onde uma vez mais eu:
Visualizei…interiorizei… amei e… algumas lágrimas de comoção eu também derramei!
Beijinhos de muito carinho por ti, meu inesquecível querido amigo e lindo poeta.
Ana Liza
2 de fevereiro de 2010 às 17:48
PARA: ANA LIZA
Olá minha "velhinha" e tão querida amiga!
Normalmente tenho por hábito ir até à "casa" das pessoas que aqui neste meu humilde cantinho deixam os seus tão carinhosos comentários, para eu lhes agradecer do fundo do meu coração, a sua então tão linda generosidade. Mas como tu, não tens blogue (embora eu através de outros canais tenho-te constantemente agradecido os teus também tão lindos e muito simpáticos comentários) eu achei por uma questão de princípios cavalheirescos expressar publicamente o meu muito sincero agradecimento por todas (embora algumas delas um cadinho exageradas) as palavras recheadas de muito carinho o qual eu, ao fim de quase 30 anos o continuo a interiorizar com imensa e emotiva felicidade.
O meu eterno e sincero obrigado por tudo de maravilhoso que tu ao longo destes muitos anos de pura e linda amizade me tens proporcionado.
Mil poéticos e muito carinhosos beijinho para ti amiga tão especial e... inquilina eterna do meu coração!
3 de fevereiro de 2010 às 11:09
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